Aquela burladinha no paywall

Nesta edição #14, vamos falar sobre apps que burlam paywalls de sites de notícia que você deve usar de vez em quando. 

Aquela burladinha no paywall

Salve, moçada, beleza? Por aqui o barco tá navegando, mas admito que essa semana tá um pouco mais lento que o normal. Estou há três dias sem beber café e realmente eu não sabia que meu corpo precisava tanto desse combustível aromático. 

Tenho sonhado com isso e, inclusive, quando eu voltar ao meu hábito normal (estou no meio de um detox), vou fazer uma extravagância e comprar o café Minamihara, de uma fazenda lá em Franca (SP), mas que custa mais de R$90 (mas é MUITO bom).

Semana passada fiz uma enquete simples, na qual perguntei quem aqui tinha site pessoal. No total, 142 pessoas responderam – apenas 28% tinham site pessoal. Fiquei interessado em saber isso porque é algo que pensamos pouco, mas pode ser bem benéfico para concentrar todos os seus links em um só lugar. Vou fazer um tutorial sobre como fazer um site bem básico com IA + Glitch. 


O muro vs a escada

Desde o começo dos anos 1990, com a popularização da internet, muitos muros começaram a ser erguidos no mundo digital. O que foi inicialmente criado como um ambiente de livre colaboração científica foi se transformando em um emaranhado de sites fechados – seja por segurança, seja para cobrar por conteúdo, seja para esconder alguma coisa. 

No caso, aqui, vamos falar de sites fechados em torno de conteúdo jornalístico.

Fazer jornalismo não é de graça – a gente aqui no Núcleo sabe bem–, e veículos de jornalismo precisam gerar receita de alguma(s) forma(s). Mais frequentemente, a fim de manter seus sites abertos, sem cobrança por conteúdo, muitos veículos recorrem a publicidade, enquanto outros preferem o chamado paywall. Há veículos que se financiam com doações, enquanto outros com grants de fundações e outras organizações.

Implementar paywalls é uma prática que divide muitos jornalistas de administradores de negócios jornalísticos: os primeiros frequentemente querem que seus conteúdos sejam abertos e lidos pelo máximo possível de pessoas, enquanto os segundos argumentam da necessidade de fazer com que as pessoas paguem por conteúdos que custam caro para produzir. 

Eu, particularmente, não sou o maior oponente de paywalls (não sou o maior fã também), talvez porque eu tome as dores da necessidade de financiamento de muitos veículos. Meu sócio Alexandre Orrico, por outro lado, abomina paywalls, pois acredita que sejam um grave empecilho entre as pessoas e o jornalismo. Eu concordo com essa tese. No Núcleo não temos paywall para reportagens (apenas para apps e mimos).

Um grande argumento contra o paywall é de que “a informação precisa ser livre”. Sim, concordo 100%, mas o conteúdo originado a partir dessa informação não precisa – essa decisão cabe a quem produziu o conteúdo, assim como garantir por meios técnicos que esse conteúdo seja barrado para não pagantes. Não era comum as pessoas roubarem jornais e revistas das bancas, elas pagavam pelo produto. Sim, boa parte do custo era papel e transporte, enquanto o lucro das organizações ficava com os anúncios. Mas na internet há custos de distribuição também, de servidores a softwares e salários.

No entanto, há também o argumento de que as pessoas não dão conta de pagar por todos as assinaturas de todos os veículos. Pense em todos os veículos nacionais e internacionais que você gostaria de pagar. É impossível ter todos. Eu assino uns 12 veículos e não chego bem perto de todos que eu quero/preciso/me deparo.

Tudo isso pra dizer: apoie os veículos que você mais lê, é importante demais, mas tudo bem às vezes dar aquela burladinha num paywall para ler um artigo ou outro.


As ferramentas

Há inúmeras ferramentas para burlar paywall por aí. Muitas mesmo, com diferentes tipos de eficiência.

Um dos princípios desse tipo de ferramenta é carregar toda a página e seu conteúdo antes de um paywall aparecer. Nesses casos, os paywalls são frequentemente carregados a partir de um script na página, o que é uma prática ruim para quem quiser evitar essas ferramentas. Seria o equivalente a deixar uma porta destrancada, esperar alguém abri-la completamente para daí bater a porta na cara da pessoa e trancar. Os melhores sites lidam com paywall no lado do servidor, e nesse caso é bem mais difícil (mas não impossível) de burlar.

Uma das ferramentas mais conhecidas é a 12ft, que inclusive tem app para iPhone. Em vez de ser um site que burla paywalls, o 12ft diz ser um removedor de “popups, banners e anúncios” de websites. Funciona relativamente bem, não consegue quebrar a barreira de todos. 

Tem também o brasileiro Marreta, do Manual do Usuário, que é bem interessante e bem-feito, mas também esbarra em vários paywalls (com os grandes jornais brasileiros funciona tranquilamente). 

E tem também o Removepaywall, que na minha experiência é o mais bruto de todos. Ele consegue até burlar o paywall do Financial Times, um dos mais restritivos do mercado (o FT cobra uma mensalidade de R$129 por mês).

Use com parcimônia e, sempre que possível, apoie os veículos que você mais gosta. 


Ferramentaria

  • Grist – Estou testando essa ferramenta de tabelas, que é basicamente uma concorrente do Airtable, com menos recursos, mas com limites maiores de registros em tabelas no plano gratuito. Não é grande coisa, mas pode ajudar quem precisa de automações em tabelas.
  • Le Chat – A empresa francesa de inteligência artificial Mistral lançou seu chatbot com acesso à internet e assistente de IA. Testei e digo: funciona legal, mas é mais do mesmo. Pelo menos é mais barato do que as concorrentes – custa US$15/mês.
  • Roleta de IA – Esse é um app que eu mesmo criei para que seja possível comparar inteligência, velocidade e preços de diferentes modelos de inteligência artificial disponíveis.


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