Sua newsletter dedicada a coisas digitais

A newsletter absoluta sobre qualquer coisa que você instala no celular ou no computador, por Sérgio Spagnuolo.

Appetrecho

Ferramentaria Gourmet #4

Salve, moçada, tudo bem? Por aqui, em Stanford, o inverno baixou nervosamente: tá fazendo 9º, mas a sensação térmica dos ventos árticos fica bem abaixo disso.

Lembrando que a newsletter de hoje é exclusiva para assinantes 💎, mas tem sugestão gratuita também: The Authoritarian Stack, um especial sobre como bilionários da tecnologia estão se movimentando pelo poder nos EUA e na Europa. É um tremendo projeto, liderado pela economista italiana Francesca Bria.

É bom demais ficar off das redes sociais

Salve, moçada, tudo bem? Por aqui tá beleza demais (exceto a saudade de casa). Hoje eu fui voluntário numa fazenda aqui em Stanford, passei três horas catando frutas e legumes, depois lavando e embalando pra venda. Não é divertido, pra ser sincero, mas tem algo gratificante em trabalhar na terra, ao ar livre. Vou tentar ir toda a quarta-feira (e deixa a news 100% pronta na terça, pra evitar atrasos como o de hoje).

Nesta newsletter #38, vou falar sobre o prazer de ficar de fora das redes sociais, que estão se tornando cada vez mais sugadoras de tempo e saúde. A seção Ferramentaria vai ser aberta apenas para assinantes 💎.

Em breve terei mais uma novidade para assinantes: desconto para um app show para salvar links em Mac e iPhone (juro que estou trabalhando para encontrar descontos para Windows/Android também).

  • Se você não é assinante, recomendo entrar nesse barco: são R$5/mês ou R$60/ano – e os benefícios vão sendo empilhados à medida que acho mais coisas pra colocar.
Dê-me Appetrechos

JOMO

Quando comecei minha fellowship em Stanford, uma das minhas grandes preocupações era: como posso aproveitar melhor o meu tempo, fazer tudo, conhecer todos e absorver o máximo que eu posso, sem ficar de fora de coisas importantes e impactantes?

Muitas pessoas chamam esse sentimento de FOMO (fear of missing out, ou medo de ficar de fora). Conhecendo meus leitores e leitoras, vocês devem conhecer esse termo.

Afinal, apesar de todas as benesses dessa bolsa (eu não to reclamando, tá?), pra mim é um grande sacrifício ficar longe da minha esposa e das minhas cachorras todo esse tempo – sem contar o resto da minha família, especialmente sobrinhas e sobrinho.

DISPONÍVEL APENAS PARA ASSINANTES

Nesse espaço coloquei uma surpresa disponível apenas para assinantes. Apoie esta newsletter e tenha acesso a conteúdos exclusivos, descontos e outras mais.

Custa apenas R$5

Quero saber!

Logo na primeira semana de introdução, no entanto, fui apresentado ao conceito de JOMO (joy of missing out). Eu nunca nem tinha pensado nisso. Como jornalista, curioso e empreendedor, eu estou acostumado a querer fazer parte das coisas – quando não consigo, tendo a ficar tentando saber o que rolou, entender melhor e às vezes até arrependido de não ter feito nada.

Ter ouvido pela primeira vez sobre o prazer de ficar de fora de algo foi revelador pra mim. De repente, passou a fazer sentido eu não estar em tudo, de não almejar uma inalcançável onipresença que eu sentia que precisava.

O conceito de JOMO, portanto, nada mais é do que priorizar nosso próprio tempo.

Uma das primeiras coisas que eu fiz quando esse termo se fixou em minha cabeça foi literalmente apagar todas as redes sociais do meu computador, exceto apps de mensagem, que eu não considero social media apesar de características similares. Apaguei, inclusive, o YouTube, que eu sou particularmente viciado [Disclaimer: o Núcleo usa o Discord como ferramenta interna de comunicação, então esse eu mantive, mas eu não uso pra mais nada.]

De repente, passei a me ver com mais tempo para as coisas que eu queria fazer, como ler, trabalhar, ir pra academia 4-5 vezes na semana, andar de bike, ver filmes, escrever no meu blog pessoal e até voluntariar numa fazenda.

Não é que eu não fazia nada disso antes (exceto a coisa da fazenda, que foi a primeira vez), mas as redes sociais eram sempre uma opção rondando a minha vida o tempo todo, guardadas ali no meu bolso, esperando para que eu abrisse meu celular e visse só 10 minutinhos de Shorts ou Reels. Eu me pegava vendo redes sociais na fila do café, ou no caminho entre onde estaciono minha bike e onde fica meu escritório.

Eu queria ver redes sociais porque sabia que estavam sempre ali à minha disposição. Ver família, cachorros, amigos, trailers de filme, atrizes exuberantes (quem lê essa news desde o começo sabe que adoro a Rebecca Ferguson), o Jason Momoa (sou fã demais) sem camisa arremessando machados (vídeos 1, 2 e 3) ou clipes de Family Guy.

Tava tudo ali, pertinho, e isso era um peso na minha cabeça – porque eu sabia que eu era viciado. Sinceramente falando: se você vê suas redes sociais mais de 5 vezes por dia, você tem um vício.

Adicionando fricção

Eu tinha duas alternativas: ou apagava totalmente meus perfis em redes sociais, ou pelo menos tentava achar formas de reduzir meu uso delas. O jeito que eu encontrei foi remover Instagram, LinkedIn, BlueSky, YouTube e quaisquer outras plataformas similares pra valer – meu único acesso passou a ser no meu computador pessoal.

Eu não sabia se isso daria certo pra mim, pra ser sincero. Achei que fosse instalar novamente, ou que fosse ficar acessando via desktop o tempo todo.

Mas funcionou que foi uma beleza: a simples fricção de dificultar o acesso me fez passar a ver bem menos qualquer rede social. E olha que nem ficou tão mais difícil, visto que uso meu computador quase todo dia, por muitas horas.

Eu ainda vejo YouTube todo dia, especialmente os programas de comédia diários que eu gosto, mas em vez de acessar esse app várias vezes ao longo do dia, eu acesso apenas uma. O LinkedIn eu também acesso, talvez, uma vez por dia, algumas semanas menos (depende se estou divulgando algo). BlueSky menos ainda.

Um que achei que fosse sentir falta era o Instagram. A realidade foi na contramão: às vezes eu fico dias sem entrar no app do Sr. Zuck, até esqueço que existe (hoje acessei pois fui alertado pela minha esposa de que o cachorro de uma grande amiga faleceu essa semana, e eu queria ver o post dela).

Tirar as redes sociais do meu celular, sem exceção, foi um passo importante para uma liberação mental minha que eu achei que fosse ser mais difícil de consumar e manter, mas realmente foi libertadora.

Hoje em dia eu uso mais meu celular para ler notícias direto nos sites e apps das empresas, acessar emails e outras coisas de produtividade do que pra ver conteúdo aleatório. Achei que fosse perder um monte de coisas – conversas, contatos, notícias –, mas na verdade só ganhei.

Eu sei que muita gente utiliza esses apps para se comunicar com negócios, família, paqueras, arte, cultura, notícias etc. Mas, se não for alvo vital pra você, dou essa recomendação: pelo menos faça um teste de ficar sem apps de redes sociais no seu celular.

Quem sabe você vai conseguir sentir JOMO junto comigo.

Ferramentaria Gourmet #3

Salve, moçada, tudo bem? Por aqui vamos levando, um dia após o outro, contando os minutos pra voltar pro Brasil e ver minhas meninas (Emily, Patela, Nena e Cocada). Outro dia escrevi no meu blog pessoal que comprei um porta-retrato digital, e agora vejo fotos delas em loop todos os dias – é bom, porque traz boas memórias, mas é ruim, porque aumenta a saudade.

Hoje a newsletter exclusiva para assinantes está recheada de links diferentes – desde app de música até uma calculadora de custos de serviços de navegação aérea.

Também confesso que estou testando o Plinky, uma ferramenta para salvar links (sim, é um drama na minha vida), e estou gostando (fiz até uma extensão para Raycast).

A avalanche de apps para salvar links

Salve, moçada, beleza? Por aqui tá ok, mas perplexo com o massacre que aconteceu no Rio de Janeiro essa semana. Eu nunca fui repórter policial, mas tenho amigos que foram ou são. Como parte dessa importante cobertura, às vezes esse tipo de profissional fica um pouco dessensibilizado, não por que não se importa, mas por presenciarem violência extrema cotidianamente. Mesmo esse pessoal ficou horrorizado com a escala do que aconteceu no Rio.

Pensei no que escrever por conta disso. Eu tenho mestrado em direitos humanos, eu entendo do tipo de violação do que aconteceu no Rio (e que acontece cotidianamente no Brasil). Mas essa é uma newsletter sobre tecnologia, e, embora eu tenha minhas opiniões, nem sempre precisamos dar nosso parecer sobre tudo.

Decidi manter o assunto original que eu tinha pensado.

Nesta edição #37 da newsletter, vou falar da avalanche de aplicativos para salvar links que eu tenho visto ultimamente, uma prova de que esse tipo de arquivo é importante, desejado e muito bagunçado.


A esta altura da Appetrecho, vocês já devem estar de saco cheio de eu falar sobre gerenciadores e armazenadores de links. Eu também tô, pra ser sincero. Já chorei minhas pitangas sobre o fim do Pocket e já descrevi meu argumento para usar o Raindrop.

Mas desde que meu querido e finado Pocket foi de arrasta pra cima, tenho visto uma proliferação bastante notória de novas aplicações para armazenar e organizar links: nossa munição digital do dia a dia.

Confesso que meu dedo está coçando para instalar essas aplicações e testá-las, mas meu investimento emocional e de tempo já foi feito no Raindrop. Por enquanto, seguirei com ele.

Mas sinto que seria desonesto com a minha audiência aqui não compartilhar todas as interessantes opções que eu vi nos últimos meses, algumas das quais eu testei.

vault

Falei sobre o vaut na segunda edição da Ferramentaria (exclusiva para assinantes). Comecei a testar essa ferramenta extremamente minimalista para salvar links dentro do seu computador, sem mandar nada pra nuvem. Não tem assinatura, não tem sincronização via nuvem, mas tem uma API interna que dá pra plugar via extensão para navegador se você não quiser copiar e colar o link nela.

A falta de suporte para extensão no Safari me fez desistir.

Plinky

Esse parece promissor, embora seja apenas para o ecossistema da Apple, totalmente integrado com as funcionalidades e apps de Mac e iPhone. Foi lançado em 2024. Estou usando de forma modesta agora, apenas para testes e nada indica que vou sair do Raindrop por causa dele, mas não é nada mal.

Linkwarden

Essa ferramenta parece excelente (ainda não testei). Ela parece mais um app de anotação e de tarefas do que um repositório de links, e faz bem algo que eu queria que as outras fizessem melhor: compilar dados básicos de usabilidade, como quantos links salvos e quantas vezes uma tag é usada.

Pinboard

Esse app tá disponível por aí faz um bom tempo, e eu já tinha ouvido falar, mas nunca testei. Recentemente, depois da derrocada do Pocket, ele voltou a surgir nos meus monitoramentos. Não parece nada impressionante, mas também não tem nenhum segredo.

Wallabag

A Wallabag é uma ferramenta interessante por ser open source e self hosted (ou seja, você mesmo pode hospedá-la). O Manual do Usuário oferece uma versão para seus assinantes via PC do Manual. Eu testei e confesso que não é das minhas favoritas, mas opinião é algo muito subjetivo.

AegisClip

Eu realmente não tenho nada pra falar sobre essa aqui, só salvei o link (hahahaha).


Ferramentaria

Ferramentaria Gourmet #2

Salve, moçada, tudo bem? Por aqui beleza. Ontem participei de um seminário sobre técnicas de interação digital cujo palestrante falou sobre a história o ctrl + c / ctrl + v. Foi fascinante, mas me fez pensar como todos os profundamente pensados e desenhados elementos de desenvolvimento web são agora utilizados para viciar as pessoas em telas.

As ferramentas desta edição estão particularmente FODÁSTICAS, coisas que vi referenciadas em outras newsletters e sites e passei a testar ou até mesmo usar pra valer.

Hoje essa newsletter tá relativamente positiva

Salve, moçada, tudo certinho? Por aqui tá tudo bem. Consegui reduzir ainda mais meu tempo de tela agora que removi apps de redes sociais do celular. Também passei o fim de semana em Las Vegas, uma das cidades mais horríveis que eu já visitei, mas perto de um dos lugares mais lindos que já vi, o Grand Canyon.

Foto que tirei no Grand Canyon West

Pra quem ainda não sabe, a Appetrecho voltou a ser semanal: quarta sim, quarta não, tem uma edição especial (menorzinha) chamada "Ferramentaria Gourmet", exclusivíssima para assinantes.

  • Apoie nosso trabalho com apenas R$5/mês ou R$60/ano – os benefícios vão sendo empilhados à medida que eu encontrar mais coisas pra oferecer.
Quero assinar

Nesta edição #36, vamos elevar um pouco mais o espírito falando de uso consciente de tecnologias.

Ferramentaria Gourmet #1 [apenas assinantes 💎]

Salve, moçada, tudo bem? Por aqui estamos levando. Fiz aula de boxe hoje e o resultado final disso foi esfregar na minha cara que estou mais velho (e humilde) do que eu pensava. Essa foi a lição que tirei.

Pois bem, bem-vindos(as)(es) à primeira edição do Ferramentaria Gourmet, a edição ridiculamente exclusiva e curtinha (sem textão) da Appetrecho apenas e somente para assinantes, enviada na semana que não tem edição normal.

NÃO FIQUE TRANCADO PRA FORA, ASSINE AGORA

Caso não seja assinante, basta usar o link appetrecho.com/apoie ou o botão abaixo. Custa apenas R$5/mês ou R$60/ano.

Quero assinar

Nesta semana, trago três apps legais que descobri recentemente.

Conteúdo (sintético) até o talo

Salve, moçada, beleza? Por aqui estou com uma inflamação cardíaca terrível, cujo nome científico é saudadis mei cachorrums, que aflige especificamente expatriados que precisaram deixar pets pra trás para avançar na carreira durante um ano. Fora isso, tá show de bola, Stanford é um lugar fantástico, não tenho o que reclamar – ainda mais que minha patroa Emily passou 10 dias aqui comigo, o que foi excelente.

Também estou usando direto, tipo todo dia mesmo, meu novo tablet ReMarkable Paper Pro Move, de 7,3 polegadas. É uma delícia escrever e tentar desenhar nele, e, se fosse pra chutar, eu diria que é 83% como usar papel, até o barulho de lápis faz. A arte desta edição da Appetrecho foi feita por mim nesse mesmo aparelho. Eu sei que ficou uma porcaria, meu francês é melhor do que minha habilidade de desenhar. Mas eu me diverti fazendo, capisce?

Não é barato: praqueles que me perguntaram, eu paguei $500 dólares (incluindo uma a caneta melhorada, Marker Plus, e impostos). A versão maior, de 11,8 polegadas, é bem mais cara (um pacote desse sai por cerca de $800).

Confesso que logo depois que efetuei a compra online fiquei me sentindo meio mal de gastar tudo isso num tablet que só tem uma única funcionalidade. Até da pra ler PDFs e Epubs no ReMarkable, mas sinceramente pra isso eu uso outras coisas. Ele é bem diferente, por exemplo, do Boox Note Air3 C (cerca de $500), que roda Android e dá pra acessar a internet e ler Kindle, e que parece bem fera. O rolê dele é escrever.

Mas eu pesquisei muito, vi muitos reviews, posts no Reddit, vídeos comparativos de YouTube. Eu queria algo que fosse me evitar distrações, que tivesse bons reviews, que fosse leve e portátil e, principalmente, que fosse o mais parecido possível com escrever em papel. Posso dizer que estou feliz com a minha compra (infelizmente não vende oficialmente no Brasil).

Novo membro da minha família: ReMarkable Paper Pro Move

Nesta edição #35, sob o risco de ser repetitivo, vou falar sobre como as novas iniciativas da OpenAI e da Meta de ter redes social exclusivamente para compartilhar conteúdo gerado por IA, ideias de merda (do ponto de vista de qualidade) por muitos motivos.


Publicidade

Coda.Br com 20% de desconto

Não perca a 10ª edição da Conferência Brasileira de Jornalismo de Dados e Métodos Digitais (Coda.Br)! Entre as pessoas palestrantes, estão Paola Ricaurte (Harvard), Cecília Olliveira (The Intercept Brasil/Instituto Fogo Cruzado), Fábio Bispo (InfoAmazonia), Natalia Viana (Agência Pública) e muito mais! Venha aprender na prática a trabalhar com dados e fazer networking com a comunidade.

Inscreva-se: CUPOM DE 20% DE DESCONTO

Use o cupom: nucleo20

Inscreva-se agora

Entupam-se de conteúdo

Bem antes de a OpenAI lançar o ChatGPT, no fim de 2022, o termo "inteligência artificial" já vinha sendo usado como sinônimo de máquinas cujas capacidades de articulação e comportamentos emulavam as de humanos.

A agora famosa conferência de Dartmouth de 1956, que cunhou o termo, abriu espaço para que esse campo fosse aplicado à ciência da computação, mas a verdade é que há tempos o ser humano pensa em dar vida às coisas, desde Matrix, Blade Runner, Pinocchio e Frankenstein até a Grécia antiga, com Arquitás de Tarento, amigo de Platão, e inventor de um pássaro mecânico (mais sobre isso neste fascinante artigo, em inglês).

A saga da inteligência artificial começou com histórias, não com tecnologias.

Até o ChatGPT, parábolas sobre IA mostravam um mundo de possibilidades, novidades, desafios e até terror. Pós-GPT, inteligência artificial virou sinônimo de commodity digital, marcada por simples transações comerciais nas quais, tal como redes sociais, televisão aberta e redes de fast food, a única coisa que importa é aumentar o volume de produção, transmissão e consumo. É disso que vive e triunfa o capitalismo, afinal. O mistério narrativo da IA foi totalmente dissipado.

Não é por menos que a Meta, o Google, Perplexity, Anthropic, Apple, Amazon e muitas outras empresas que desenvolvem e promovem modelos de IA estão enfiando seus modelos de linguagem em absolutamente tudo: barras de busca, aplicativos de mensagens, caixas de publicação de redes sociais, compras online, etc.

Agora, tanto a Meta quanto a OpenAI lançaram redes sociais (Vibes e Sora, respectivamente) nas quais o objetivo é publicar vídeos gerados com inteligência artificial para compartilhar com seus amigos. Credo.

  • Se você não é assinante, recomendo entrar nesse barco: são R$5/mês ou R$60/ano – e os benefícios vão sendo empilhados à medida que acho mais coisas pra colocar.
Dê-me Appetrechos

Pode ser exclusivamente minha opinião, falando como alguém que aprecia bom conteúdo feito por humanos, mas tenho dificuldade em enxergar um mercado representativo para pessoas que efetivamente escolham ver vídeos de 10 segundos gerados por um modelo de IA.

Me parece um conteúdo sem propósito, sem alma, sem sabor. Pode até ser visualmente bonito e impactante, mas, exceto para tirar um sarro momentaneamente com seus amigos e amigas, quem é que vai ativamente ficar scrollando um feed cheio de conteúdo sintético.

Lembra quando a Meta lançou sua IA no WhatsApp, que você ficava zuando no seu grupo da escola, ou quando a ferramenta Suno fez algum sucesso ao criar músicas para que você pudesse zoar aquele novo corte de cabelo do seu parça, ou quando era possível gerar imagens de graça com o Midjourney?

Pois é, foi legal e engraçado por alguns dias e, certamente, muitas pessoas (especialmente os mais engajados com esse tipo de tecnologia) viram algum valor nisso e continuaram usando, seja pessoalmente ou até comercialmente. Mas me arrisco a dizer que a grande maioria dos usuários simplesmente voltou a ignorar essas ferramentas e seguiu com suas vidas sem nem pensar nelas de novo.

Eu não estou minimizando o impacto de ferramentas de IA. Eu certamente uso para várias coisas (especialmente programação) e tenho visto pessoas fazendo trabalhos interessantes em várias áreas, tipo amigo meu que lançou uma agência de publicidade que faz campanhas com vídeos gerados sinteticamente. O ChatGPT tem mais de 700 milhões de usuários ativos semanais, não é trivial.

Dito isso, o hype de "ter IA só pra ter" me parece desproporcional ao interesse cotidiano da maior parte das pessoas.

IA usada com propósito é diferente de IA empurrada em produtos apenas para gerar mais ruído sintético em nossas vidas.

Talvez seja por isso que vocês escolham ler esta newsletter (que, modéstia parte, tem mais de 50% de taxa de abertura consistentemente) em vez de ficar condensando conteúdo por aí: tudo o que eu escrevo aqui é feito por mim (se você notou vários erros de digitação na última newsletter isso deve ter ficado claro) – sim, mesmo com travessão, que eu sempre usei e vou continuar usando independentemente do que qualquer detector de IA acusar.

Escrevi na edição passada como, a meu ver, as redes sociais estão corroendo nossos cérebros com muito conteúdo de baixíssima qualidade. Mesmo assim, ainda nos vemos apegados a elas, principalmente porque conseguimos ver o que nossos amigos, familiares e pessoas/páginas de interesse estão publicando (eu, por exemplo, sigo a Rebecca Ferguson e o perfil Kogos Biruta no Instagram).

Ou seja, o lixo está misturado com o bom, e isso, aparentemente, é tolerável para nós. Uma rede só com conteúdo gerado por IA me parece uma rede apenas com lixo.

De novo, posso estar enganado, mas empanturrar-se de conteúdo sintético insignificante está longe do meu consumo de entretenimento e, se você está lendo este texto, há boas chances de não fazer parte da sua dieta também.

PS: Depois que eu escrevi essa newsletter, o comediante Michael Kosta publicou esse vídeo hilário sobre isso no Bluesky (não precisa de login).


Ferramentaria

Nesta edição, a seção foi produzida pelo meu sócio Alexandre Orrico, que aparentemente está apaixonado por um aplicativo.

  • Nautide – Se você quiser checar essas condições do litoral brasileiro todos os dias, esse aplicativo é uma lindeza e está totalmente em português. Numa mesma tela, como num relojinho, ele mostra mais de 20 indicadores, entre eles níveis de maré, direção e potência de vento, qualidade do ar, temperatura da água, ondulação e coeficiente de marés, que indica a amplitude da maré em um determinado dia, ou seja, a diferença entre o nível da maré alta e da maré baixa.
  • Caminhos do Sol (Android e iOS) – Mostra o caminho que o Sol faz desde que nasce até se pôr. Dá pra ver o trajeto do astro-rei no mapa ou usar realidade aumentada, com a câmera ativada, pra ver exatamente onde ele vai aparecer e sumir na praia onde em que você está.

💡
Tem alguma ideia ou sugestão? Responda este email ou me escreva em [email protected]

Great! You’ve successfully signed up.

Bem-vindo de volta! Você fez login com sucesso.

Você se inscreveu com sucesso no Appetrecho.

Sucesso! Verifique seu e-mail para obter o link de login.

Sucesso! Suas informações de cobrança foram atualizadas.

Sua cobrança não foi atualizada.