De zero a app principal em 1 mês

Nesta edição #10 da newsletter, vamos falar de um aplicativo que está me levando a rever alguns apps que eu utilizo há anos.

De zero a app principal em 1 mês

Um raio de produtividade

Quem lê essa newsletter sabe que eu tenho uma obsessão com apps de produtividade. Pra mim, esses softwares são que me ajudam a passar menos tempo administrando coisas e mais tempo fazendo o que eu preciso. Eu gosto de coisas que me economizam tempo.

Pois bem, em dezembro do ano passado eu conheci o Raycast, um aplicativo diferente de tudo o que eu já usei, mas ao mesmo tempo coincidentemente familiar com outros apps do meu dia a dia. 

O Raycast se define como uma “coleção de poderosas ferramentas de produtividade dentro de um lançador de aplicativos”, que é para funcionar como um “atalho para tudo” no seu computador. Eu acho essa descrição muito boa.

Eu utilizo muitos atalhos no meu computador (tanto de teclado quanto de menu), e sempre fui usuário recorrente de ferramentas para facilitar a busca de documentos e apps internos no meu computador, como Spotlight e, mais recentemente, Alfred, ambos para Mac. Em Windows, já ouvi falar bem do Wox, que é open source. 

O Raycast vai bem além de todos esses.

Vou fazer uma analogia pedestre, mas fácil de explicar e entender. Pense que seu computador é uma cidade, e cada botão de atalho, cada tecla rápida que você configurar, cada item da barra de menu é uma loja. O Raycast seria, então, um grande shopping center com todas essas lojas juntas, em um só lugar. 

Com ele consigo achar qualquer arquivo no meu computador e abrir qualquer app em questão de segundos, sem precisar colocar a mão no meu mouse. Sim, nesse ponto é igualzinho o Spotlight ou o Alfred.

Imagem mockup da tela do Raycast

A coisa começa a ficar melhor com o Raycast à medida que vamos entrando a fundo nas integrações com certas aplicações. Enquanto o Spotlight apenas me permite encontrar apps e arquivos, o Raycast me permite, por exemplo, fazer buscas na internet e criar notas instantaneamente sem precisar abrir meu navegador (o app abre pra mim, já com a busca.)

Tá certo, o Alfred faz isso também, mas o Raycast vai mais além. Por meio dele, eu consigo ver, adicionar, editar, apagar itens ao meu calendário ou lista de tarefas, fazer traduções, usar calculadora, usar conversores de valores e medidas e, por que não, também utilizar mais vários modelos diferentes de inteligência artificial (GPT-4o-mini, Claude 3.5 Haiku e vários Llamas), algo chamado Quick AI – tudo isso direto na minha barra de comando, sem precisar abrir nenhum app.

O tempo, esforço e preguiça que isso que tem economizado é tremendo. Eu, inclusive, aciono meu Pomodoro Timer diretamente do Raycast, sem necessidade de abrir e gerenciar outro app.

Tela de IA do Raycast

Muito disso é possível por conta de uma grande comunidade open source, que desenvolve aplicações de código aberto com diversas integrações gratuitas com outros apps, disponíveis para qualquer um. A própria equipe do Raycast tem algumas extensões próprias muito boas, inclusive.

Tela do Raycast com item de agenda

1. Vacilo da Apple

Consigo seguramente dizer que o Raycast se tornou a minha ferramenta default do dia a dia. Eu, inclusive, substitui meu atalho de teclado para ⌘ + ESPAÇO, que antes ficava com o Alfred (e antes do Alfred, com o Spotlight). 

Isso tudo deve-se a um grande vacilo da própria Apple. O Spotlight, desenvolvido pela empresa, é uma ferramenta OK, mas certamente bem aquém de seus concorrentes. Eu não me surpreenderia se a Apple eventualmente comprasse o Raycast e substituísse o Spotlight de uma vez por todas.

Esse app (e outros, como o próprio app nativo do ChatGPT), mostra que há uma tendência interessante por “power bars” (barras de busca e navegação) em computadores. Em setembro de 2024, a equipe do Raycast informou ter levantado US$30 milhões em novo financiamento para levar a ferramenta para Windows e iOS. 

Eu tenho certeza de que Windows Search é uma ferramenta bem decente, provavelmente até melhor do que o Spotlight, mas duvido que faça as mesmas coisa que o Raycast.

Quem leu a primeira edição da Appetrecho, em outubro de 2024, me viu falar do poder da barra de busca e navegação. Naquela ocasião eu estava falando do navegador Arc, mas agora esse poder está todo nas mãos do meu Raycast. 

Estou, inclusive, considerando (ainda não bati o martelo) deixar de usar o Arc e voltar para o Safari, visto que 1. o Arc não está sendo mais atualizado com novos recursos, já que a empresa está tomando uma outra direção e 2. eu tenho feito as mesmas coisas direto do Raycast, logo não tenho mais necessidade pra excelente barra do Arc. (Tenho aqui que pedir desculpas para meu amigo Guilherme, que trocou de navegador depois de ler minha news e fez questão que eu soubesse.)


2. Precisa de paciência

Se você captou meu entusiasmo e quer testar (ou aguardar pela versão do Windows em 2025), eu preciso adiantar que utilizar o Raycast não vem sem nenhuma fricção: o app pode ser complicado de usar no começo, e é necessário fazer várias configurações, buscar e instalar extensões e, principalmente, se acostumar com os comandos (eu demorei dias para saber que dava pra acrescentar favoritos na barra inicial, por exemplo).

Não é nenhum bicho de sete cabeças e o próprio Raycast, assim que você instala, tem bons tutoriais de onboarding para novos usuários. Mesmo assim, é preciso de um pouco de paciência e dedicação pra começar a usar a ferramenta como um profissional.

Pra mim, configurar e dominar o Raycast foi um investimento de tempo que eu fiz comigo mesmo para ter uma ferramenta adaptada a otimizar o uso que faço da minha máquina. Tem muita gente que tá bem do jeito que está e não quer perder tempo aprendendo algo novo no computador – portanto, leve isso em conta antes de prosseguir.


3. Versão gratuita vs paga

É importante salientar que o Raycast e a boa parte de suas principais funções pode ser utilizada gratuitamente, sem nenhum custo nem publicidade. 

A empresa ganha dinheiro a partir de planos pagos que começam a partir de US$10 por mês, além de planos para empresas e equipes a partir de US$15 mensais por usuário.

Os planos pagos incluem sincronização na nuvem entre aparelhos, chatbot de inteligência artificial, tradutor, mudanças visuais e cosméticas e histórico ilimitado de coisas que você copiou no clipboard.

[DISCLAIMER: O Núcleo ainda não faz parte do programa de referências do Raycast, mas por ser uma ferramenta que eu gosto, estamos considerando fazer. Essa newsletter não possui nenhum link afiliado, ou seja, a gente não ganha nenhum centavo com nenhuma recomendação feita aqui.]


Ferramentaria

  • One sec – Após minha recomendação, na semana passada, do app de Android para controle de tempo de tela Screenzen, um leitor entrou em contato comigo para indicar o app one sec. Ainda não utilizei, mas parece ser bem bacana. Fica a dica.
  • Ground News — Esse é um app interessante que com uma curadoria dos principais veículos de jornalismo dos Estados Unidos, Canadá e Europa, classificando links e reportagens entre esquerda, centro e direita. É bem interessante, mas não sei se é necessariamente útil pra maioria das pessoas.


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