O melhor app de IA não é ChatGPT
Nessa newsletter #7, vou entrar num tema que evitei tratar nas últimas seis edições: inteligência artificial generativa. Tá difícil de fugir disso, especialmente porque tenho testado várias ferramentas e usado uma com particular frequência – além de ser um assunto muito quente e as pessoas pedem.
Salve, moçada, Sérgio Spagnuolo por aqui. Hoje chegando consideravelmente mais tarde na sua caixa de emails, já que eu passei boa parte do dia na edição do Núcleo (tipo essa reportagem aqui), enquanto meu sócio e editor Alexandre Orrico desfruta dos prazeres do Norte.
Uma nota para o ano que vem: no fim do 1º trimestre de 2025, vamos lançar uma assinatura paga só para a Appetrecho, trazendo vários benefícios legais. A versão gratuita continuará existindo. Enquanto isso, caso você queira apoiar meu trabalho, você pode assinar o Núcleo Jornalismo – e sim, essa assinatura dará acesso à versão premium da Appetrecho.
Nessa newsletter #7, vou entrar num tema que evitei tratar nas últimas seis edições: inteligência artificial generativa. Tá difícil de fugir disso, especialmente porque tenho testado várias ferramentas e usado uma com particular frequência – além de ser um assunto muito quente e as pessoas pedem.
Na edição da semana que vem, a última do ano, vamos falar dos apps indicados por vocês, leitores e leitoras. Já recebemos várias dicas, dê a sua também!
Não dá pra fugir de IA
Ao mesmo tempo em que tenho muitas críticas ao uso de indiscriminado de ferramentas de IA generativa atualmente, assim como com a forma como muitas empresas dessa área se posicionam (seja em segurança, direitos autorais ou comercialmente), também vejo muito potencial nesse tipo de recurso – não apenas no jornalismo, mas em muitas áreas.
É simplesmente útil.
Por exemplo: chatbots de IA são excelentes para de resumir textos. Não é à toa que todas fazem isso. Eu vejo muitos vídeos aí de gente reclamando sobre o excesso de exaltação desse recurso, acrescentando que IA é muito mais do que sumarização e tal. Tudo bem, concordo. Mas é inegável que estamos sempre atolados até o pescoço de conteúdo, todos os dias, e sumarização é uma forma excelente de tirar proveito dessas ferramentas.
Um exemplo: eu estava analisando um edital em PDF de mais de 25 páginas para inscrever o Núcleo como participante, e usei uma ferramenta de IA para que ela me resumisse os principais termos de eligibilidade, indicando a página na qual eu poderia encontrá-los. Levou menos de 30 segundos para eu saber que o Núcleo não poderia participar do edital. Eu poderia ter lido tudo, mas isso me economizou um tempão.
Outro uso legal é pra criação códigos. Eu não sou programador, sou jornalista que programa, logo meu conhecimento é muito restrito, mesmo depois de 10 anos nessa área. IA tem me ajudado a perder muito menos tempo fuçando em fóruns online, especialmente no desenvolvimento de protótipos de apps que eu tenho trabalhado.
Dá ainda pra falar que chatbots de IA são muito bons para corrigir erros de gramática e digitação. Eu digito mais rápido do que eu penso, e muitas vezes eu como erros de digitação. Desde o início dessa newsletter, por exemplo, tenho utilizado esse atalho que liga meu editor iA Writer ao ChatGPT para revisar ortografia.
Nós do Núcleo fomos o primeiro veículo de jornalismo do Brasil a lançar uma política pública que rege o uso de IA na nossa organização.
1. Claudião
Eu tenho testado ferramentas de IA generativa pelo menos desde que a OpenAI lançou seu playground com o GPT-2, em meados de 2022. Já era decente naquela época, e certamente ficou muito melhor agora – o modelo top de linha mais atual, o o1
, é realmente impressionante, e o nome do ChatGPT realmente pegou como default para esse tipo de aplicativo.
Mas, embora o ChatGPT seja uma boa ferramenta e um excelente modelo de linguagem, seu app simplesmente não é tão bom. Ou, pelo menos, não é o melhor.
Pra mim, o melhor app chatbot de IA que há por aí é o Claude, da Anthropic.
Seu modelo mais avançado, o Sonnet 3.5
, é praticamente tão bom quanto o top da OpenAI (e mais rápido), mas a aplicação no qual ele está envelopado é consideravelmente melhor: além de ter tudo o que o ChatGPT tem, esse app ainda permite um monte de coisas mais.
Estou usando o Claude desde que a versão paga foi lançada oficialmente no Brasil, em agosto de 2024. Comecei a pagar em outubro, e meu uso tem sido diário.
2. Diferenciais do Claude
Uma das coisas mais legais que o Claude oferece são seus ‘artefatos’ – basicamente caixas de conteúdo com as quais usuários podem comparar, interagir e publicar, e que são atualizadas conforme você desenvolve sua interação com o chatbot.
No caso do print abaixo, eu subi uma base de dados que eu levantei (matéria aqui), pedi para ele analisar e gerar um gráfico, ele fez tudo isso e colocou ainda o resultado interativo, com código e tudo na caixa ali do lado. O ChatGPT também tem alvo parecido, chamado Canvas, mas sinceramente o do Claude é bem melhor.
O app do Claude também permite que usuários incluam conteúdos em projetos (tipo diretórios), o que facilita muito a busca e a organização. Esses projetos permitem a criação de “conhecimentos” , ou contextos, dentro deles, para que a ferramenta saiba como se comportar.
Por exemplo, no meu folder “Editorial”, eu estabeleci que o a IA pode apenas fazer melhorias de ortografia e gramática, e não mudar a estrutura de textos, a fim de manter a integridade do nosso jornalismo.
3. Quer imagem? Vai pra próxima
O Claude não gera imagens fotorrealistas nem vídeos, tampouco faz buscas na internet, o que pra mim faz pouca diferença, considerando que eu uso mais para automatizar tarefas, corrigir digitação e conseguir explorar assuntos de meu interesse, e não pra ficar brincando de artista. Além disso, como mencionei aqui antes, para buscas com IA eu uso Perplexity.
Em suma: se você quer uma aplicação mais refinada, que entrega melhor seus resultados, especialmente para texto ou para programação, Claude é um bom caminho.
Mas se você quiser algo bem mais versátil, que faz buscas online e cospe resultados, talvez o ChatGPT seja melhor (ou o Perplexity).
Ferramentaria
- NotebookLM – Embora eu use o Claude como minha ferramenta default de IA, não quer dizer que eu use apenas ela. Para entrevistar documentos, como projetos de lei, pesquisas e, sim, editais, eu uso essa ferramenta do Google. A empresa jura que não usa nossos dados, mas se Google for realmente Google, eu não boto minha mão no fogo – só uso para documentos publicamente disponíveis. Use com parcimônia.
- Granola - Esse é um app bem legal que mistura notas e transcrição de reuniões diretamente pelo áudio do seu Macbook (só tem pra Mac por enquanto, desculpa), não precisar ter um bot dentro da chamada. O app usa ChatGPT por trás por enquanto, então também use com parcimônia. Tem uma outra pegadinha também: por enquanto ele não reconhece português! Zuado demais fazer isso, ainda mais que o ChatGPT entende português perfeitamente.